Vida

Desde sempre acreditei que fazer o que gosta e ser você mesmo fossem coisas certas, sem dúvida alguma, são coisas que eu sempre aconselhei para aqueles que me perguntam. Mas hoje ao pensar um pouco mais sobre isso, comecei a duvidar. Quando aconselhei agir com naturalidade, "ser você mesmo", a pessoa me diz que só foi infeliz e nunca ganhou nada com isso. E agora, vejo meus amigos desistindo de seus sonhos e indo viver uma vida "normal" fazendo um trabalho que não gosta muito, mas não odeia, simplesmente não se importa de fazer.
Para mim isso é uma vida tão triste, e imaginar que alguém aceite isso assim, sem nem ao menos lutar pelo o que quer. Pode ser que ela não queira tanto assim esse sonho, já que desistiu. Mas me faz pensar se eu realmente sei o que é a vida, o que é o certo e o que devemos esperar da vida. É como se eu remasse contra a maré e todos me julgassem. Mas é que a vida "normal" me é tão cinza.

Jardinagem

Há tempos eu quero fazer um jardim embaixo da minha janela, hoje eu comecei. Eu pensava em tirar as pedras e já começar a plantar, porém eu descubro que aquilo é praticamente só pedra. Três horas se passaram e ainda tenho muita coisa até que eu consiga plantar alguma coisa. Enquanto fazia esse serviço, me perguntava, "por que diabos alguém largou todas essas pedras aí?" (detalhe: também tinha tijolos, telhas e azulejos). No mesmo instante, imaginei daqui algumas décadas alguém falando a mesma coisa quando for fazer um jardim no lugar onde larguei as pedras.

O Céu e o Inferno

Hoje por uns momentos parei para imaginar o céu e o inferno, considerando que talvez,  depois não tenha mais nada, que seja só o vazio ou o não acordar.

Seriam alguns minutos em que estaríamos sozinhos no escuro, e como tu passa esse tempo dependeria da tua consciência, se tu se suicidou, mas morreu feliz por isso, tu só sentiria o alivio. Uma pessoa de idade que aceitou a morte, sentiria a paz. Uma pessoa que morreu no desespero não querendo aceitar, provavelmente viveria a agonia por mais alguns instantes. Pessoas que carregavam na consciência muito arrependimento teriam mais alguns minutos disso. Todos teriam a chance de aceitar o que quer que tenha acontecido em vida e desfrutar desse tempo, talvez lembrar de alguma coisa.

Seriam os últimos minutos de consciência de existir.